sexta-feira, 23 de abril de 2010

VIOLÊNCIA


"Não existe uma definição consensual ou incontroversa de
violência. O termo é potente demais para que isso seja possível."
Anthony Asblaster
Dicionário do Pensamento Social do Século XX


Segundo o Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque a dor é um conceito muito difícil de ser definido.

Para todos os efeitos, guerra, fome, tortura, assassinato, preconceito, a violência se manifesta de várias maneiras. Na comunidade internacional de direitos humanos, a violência é compreendida como todas as violações dos direitos civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto); políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e salário) e culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura). As formas de violência, tipificadas como violação da lei penal, como assassinato, seqüestros, roubos e outros tipos de crime contra a pessoa ou contra o patrimônio, formam um conjunto que se convencionou chamar de violência urbana, porque se manifesta principalmente no espaço das grandes cidades. Não é possível deixar de lado, no entanto, as diferentes formas de violência existentes no campo.

A violência urbana, no entanto, não compreende apenas os crimes, mas todo o efeito que provocam sobre as pessoas e as regras de convívio na cidade. A violência urbana interfere no tecido social, prejudica a qualidade das relações sociais, corrói a qualidade de vida das pessoas. Assim, os crimes estão relacionados com as contravenções e com as incivilidades. Gangues urbanas, pixações, depredação do espaço público, o trânsito caótico, as praças malcuidadas, sujeira em período eleitoral compõem o quadro da perda da qualidade de vida. Certamente, o tráfico de drogas, talvez a ramificação mais visível do crime organizado, acentua esse quadro, sobretudo nas grandes e problemáticas periferias.

Hoje, no Brasil, a violência, que antes estava presente nas grandes cidades, espalha-se para cidades menores, à medida que o crime organizado procura novos espaços. Além das dificuldades das instituições de segurança pública em conter o processo de interiorização da violência, a degradação urbana contribui decisivamente para ele, já que a pobreza, a desigualdade social, o baixo acesso popular à justiça não são mais problemas exclusivos das grandes metrópoles. Na última década, a violência tem estado presente em nosso dia-a-dia, no noticiário e em conversas com amigos. Todos conhecem alguém que sofreu algum tipo de violência. Há diferenças na visão das causas e de como superá-las, mas a maioria dos especialistas no assunto afirma que a violência urbana é algo evitável, desde que políticas de segurança pública e social sejam colocadas em ação. É preciso atuar de maneira eficaz tanto em suas causas primárias quanto em seus efeitos. É preciso aliar políticas sociais que reduzam a vulnerabilidade dos moradores das periferias, sobretudo dos jovens, à repressão ao crime organizado. Uma tarefa que não é só do Poder Público, mas de toda a sociedade civil.

http://www.serasa.com.br/guiacontraviolencia/violencia.htm

Um comentário:

  1. E qual será a base de definição do “Houaiss”? Política ou religião?
    Creio que a definição de violência urbana é exata e, complementa a do dicionário, já que sou e quero ser sempre um cidadão que acredita em uma verdade diferente da imposta e, segue essa verdade. Contrário a isso é seguir a multidão rumo ao precipício da ignorância controlada, símbolo da violação de nossa inteligência. O mundo tal qual o conhecemos só é caótico por que é esse caos que garante o funcionamento do sistema.
    O “pão e circo” passou de comida e risada, pra qualquer coisa que alimente o ego e a ilusão e, mantenha o povo na ignorância. Violência é só mais uma forma de distração, notas policias, de falecimento, acidente de trânsito, briga de torcida de futebosta..., e a lista é infinda. A massa tem que ser burra e violenta pra que tudo isso funcione.
    É como a indústria (ou máfia) farmacêutica, não se encontra a cura definitiva pra certas doenças porque isso limitaria os lucros. Da mesma forma se, por exemplo, o tráfico de drogas acabar o que será das clínicas de recuperação e da audiência que isso dá na mídia?!

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